CARTA ABERTA À RENOVAÇÃO CARISMÁTICA CATÓLICA DO ESTADO DE SÃO PAULO
Barueri, 01 de janeiro de 2013.
“Quando vier o Paráclito, que vos enviarei da parte do Pai, o Espírito da Verdade, que procede do Pai, ele dará testemunho de mim. Também vós dareis testemunho, porque estais comigo desde o princípio.” (Jo 15,26-27).
Irmãos e irmãos em Cristo, a paz de Jesus!
Estamos iniciando um novo ano, fruto da bondade e providência de Deus. Este é tempo oportuno para respondermos ao chamado daquele que nos amou e se entregou por nós: Jesus Cristo, nosso Senhor. É hora de recomeçar a partir do Espírito!
Iniciamos também, um novo tempo de mandato na coordenação estadual. Deus, em sua bondade e misericórdia, escolheu-nos para estar junto a Ele. Concedeu-nos a graça de, durante os dois próximos anos e auxiliados pelo Espírito Santo, realizar Sua santa vontade.
Deus não nos chamou tão somente para “fazer” algo, ainda que o serviço de evangelização seja importante e necessário. Ele chamou-nos para “estar” com Ele. Viver na intimidade de sua presença e deixar-nos aperfeiçoar por seu Santo Espírito.
No início desse novo tempo na RCC de nosso Estado e aproveitando os ensejos do Ano da Fé que estamos vivendo, gostaria de descrever algumas moções que Deus trouxe ao meu coração nesse primeiro dia de 2013. Penso que elas podem servir como guias a nos orientar nesse tempo.
Retorno ao Espírito Santo
Durante o Congresso Nacional da RCC em 2012, Patty Mansfield, uma das pioneiras do Movimento e pregadora, exortava-nos sobre o perigo de esquecer-nos a primazia que deve dar ao Espírito e querermos nós assumir o lugar dele. “Passado apenas 40 anos do início da RCC, deixaremos novamente o Espírito Santo cair no esquecimento? Achamos, porventura, que podemos seguir em frente sem contar com sua providencial ajuda?”, questionava-nos Patty.
Esta é uma questão séria e central na vida da RCC. A presença e ação do Espírito Santo em tudo que vivemos e fazemos são constitutivos da vida carismática. O Espírito, “que procede do Pai e dá testemunho do Filho”, é a “alma da Igreja” e, portanto, da Renovação Carismática Católica. Esquecermo-nos dEle, ou relega-lo a segundo plano, significaria abandonar nossa missão na Igreja e no mundo.
A beata Elena Guerra dizia: “Retornemos ao Espírito para que o Espírito retorne a nós!” Por isso, queremos propor, especialmente nesse ano de 2013, que todos os grupos de oração tenham por missão “tornar o Espírito Santo conhecido, amado e adorado”.
O próprio Espírito há de ensinar os métodos e meios pelos quais as lideranças poderão concretizar esse chamado carismático. Sejamos dóceis. Uma sugestão que aqui propomos – além daquelas que já conhecemos e realizamos – é o Terço do Espírito Santo. Oração que poderia ser rezada no inicio de cada grupo de oração, inserindo os participantes num ambiente propício as experiências que ali serão vividas com o Espírito Santo.
No início: Pai-Nosso ... Ave-Maria ... Creio ...
Nas contas grandes do Pai-Nosso: Recebereis a força do Espírito Santo e sereis minha testemunha.
Nas contas pequenas da Ave-Maria: Vinde Espírito Santo!
No fim do Terço: Vinde, Espírito Santo, enchei os corações dos vossos fiéis e acendei neles o fogo do vosso amor. Enviai o vosso Espírito e tudo será criado e renovareis a face da terra. Oremos: Ó Deus, que instruístes os corações dos vossos fiéis com a luz do Espírito Santo, fazei que apreciemos retamente todas as coisas segundo o mesmo Espírito e gozemos sempre da Sua consolação. Por Cristo, Senhor nosso. Amém!
Durante todo o transcorrer do grupo de oração, os dirigentes, assistidos pela graça própria que lhes foi dada, esforcem-se para favorecer momentos de “batismo no Espírito Santo”. Através das canções e orações, estimulem os participantes a se abrirem aos dons carismáticos. Sempre que possível, realizem nos grupos de oração, pregações sobre o Espírito Santo e sua ação. Creiamos nisto irmãos: quando o Espírito for conhecido, amado e adorado, seremos verdadeiramente um povo apaixonado por Jesus. Afinal, “ninguém pode dizer Jesus é o Senhor, senão pela ação do Espírito” (cf. 1Cor 12,3).
Prática das virtudes
A vida nova que nos foi dada em Cristo, por sua morte e ressurreição, só pode ser vivida segundo o Espírito de Deus. Fazer a experiência do Espírito, dizer-se “batizado no Espírito Santo” e não viver as exigências de tão grande dom é uma terrível incoerência. A Cultura de Pentecostes não será moldada por quem simplesmente recebeu os dons e carismas, mas por quem os colocou em prática. Para ser protagonista da Cultura de Pentecostes, devemos “viver segundo o Espírito”, deixando-nos modelar até atingirmos a perfeição da santidade.
Estamos aqui no concreto da vida cristã. A experiência subjetiva, aquela que vivemos na intimidade de nosso coração, deve agora ser traduzida na vida. Os nossos comportamentos devem refletir e dar autenticidade à experiência que fizemos com o Espírito. “A vida moral dos cristãos é sustentada pelos dons do Espírito Santo. Estes são disposições permanentes que tornam o homem dócil para seguir os impulsos do mesmo Espírito.” (CIC 1830).
Sabemos que o momento é oportuno para darmos testemunho de nossa fé. Testemunharmos nossa experiência com Deus através de uma vida comprometida com a Verdade. Para isso, além dos dons infusos, dos carismas extraordinários e dos frutos do Espírito, queremos propor a prática das virtudes como elemento fundamental para semearmos no mundo a Cultura de Pentecostes.
São Gregório de Nissa dizia que “o objetivo da vida virtuosa é tornar-se semelhante a Deus”. Além disso, as virtudes tornam eficaz o testemunho de vida de quem foi verdadeiramente tocado pelo Espírito de Deus.
As virtudes teologais estão voltadas para Deus. Infundidas pela graça santificante, elas tornam os homens capazes de viver em relação com a Santíssima Trindade. São elas que fundamentam e animam o agir moral do cristão, vivificando as virtudes humanas.
As virtudes teologais são três: fé, esperança e caridade. Sugiro que todos os membros do Movimento, quando possível, leiam e reflitam sobre essas virtudes nos números 1812 a 1829 do Catecismo da Igreja Católica. Particularmente, estarei meditando sobre essas virtudes e escrevendo mensalmente sobre elas. Estaremos disponibilizando os textos em nosso site estadual.
Dentre as virtudes humanas – aquelas que regulam os atos humanos, ordenam as paixões humanas e guiam a conduta humana segundo a razão e a fé – o Magistério destaca as virtudes cardeais. Elas são quatro: prudência, justiça, fortaleza e temperança. O Catecismo trata sobre elas nos números 1805 a 1809. Também meditaremos sobre elas ao longo deste ano.
Com tudo isso, queridos irmãos e irmãs, queremos apontar para a urgência da santidade em nosso tempo. Somos chamados e devemos priorizar nossa vocação à uma vida santa, permeada por uma contínua ação do Espírito Santo em nós. É por isso que dizia a beata Elena Guerra: “É o Espírito Santo que faz os santos. Aspirar a tão grande destino e não ser devotos do Espírito Santo é uma contradição.” E acrescentava: “sem o Espírito Santo ficaremos naquilo que somos”.
Desejo que estas moções, bem como todas aquelas que viveremos em comunhão com todo o Movimento no Brasil, possam ajudar-nos a responder com perfeição o nosso chamado.
Que o Espírito Santo nos conceda a graça de uma vida virtuosa e nos torne testemunhas da Cultura de Pentecostes!
Fraternalmente,
Rogério Soares
Presidente do Conselho Estadual da RCC SP